DEVAGAR COM O ANDOR
Campos Veiga Brasília

DEVAGAR COM O ANDOR

Os arroubos autoritários atribuídos ao Presidente Jair Messias Bolsonaro são cantados em prosa e verso pela imprensa brasileira e notadamente a mídia internacional.    

Muitos estabelecem paralelos com Getúlio Vargas que em 1930 se opunha violentamente a seus inimigos políticos, impôs uma Constituição nada republicana, tratava a cultura com populismo nacionalista e direitista.

Ninguém esquece os integralistas e suas camisas verdes a fazer proselitismo de suas ideias radicais e fascistas.

Não acho correto estabelecer esse paralelo com a atual atuação do Poder Executivo e de seu comandante, ou seja, um antigo militar que atuou na Câmara dos Deputados por quase três décadas, sem muita expressão.

Hoje em dia temos instituições muito mais sólidas e o regime militar já teve seu tempo e passou para a história.

Dicotomia

Na visão de muitos o período militar foi de arbítrio acompanhado por progresso econômico e as ideias dominantes antes da queda do muro de Berlim, que assustavam a direita, foram afastadas.

Outros e muitos, qualificam o período militar como desastroso e injustificável, sem embargo dos avanços da economia e entendem que a democracia plena é o melhor para qualquer nação em desenvolvimento.

Essa dicotomia se estabelece, em grande medida, pela posição antagônica dos que não veem nenhum perigo de ruptura ou ameaça às instituições democráticas e aqueles que temem o desgaste do tecido social com sérios prejuízos à economia.

Todos têm um pouco de razão, mas há muito exagero em temer pelas instituições democráticas, já que a quadra histórica que vivemos não se compara à vivida pelo ditador e “pai do povo” Getúlio, nem aos anos de arbítrio dos militares. Os integralistas não são, hoje em dia, levados a sério.

Nossa democracia tem profundo apelo popular, tornou-se adulta e nossas instituições são praticamente indestrutíveis, sem contar com a pressão internacional a garantir as liberdades e os direitos humanos.

Não há, de fato, espaço para arbítrio apesar dos rompantes deste governo.

As discussões sobre armamentismo ou pacifismo se desenrolam na academia e na população em geral, sem muito efeito prático no legislativo e muito menos no judiciário.

Mudanças

As mudanças vieram com a benfazeja queda de Dilma e mesmo com fraco desempenho político de Temer houve avanços,  como a reforma trabalhista que se projetam no tempo e espaço.

A pauta liberal de Guedes e a reforma previdenciária aliviaram a terrível situação fiscal abrindo espaço para investimentos privados e no futuro inversões estatais mais focadas na educação, segurança e bem-estar da população.

Mais BRASIL e menos BRASÍLIA!

O que preocupa é um possível transitar por uma zona de conforto ilusória, já que estamos atrasados em cerca de sete décadas em relação ao chamado primeiro mundo.

Reformas mais agudas devem ser encaradas com muito afinco, especialmente pelo executivo e legislativo esse último muito repelente a mudanças e ainda ligado a um populismo anacrônico.

Há, entretanto, novas lideranças modernizadoras que já alteraram a composição das casas legislativas, especialmente as federais.

Há, também, governos estaduais atuantes no sentido da modernização do país que foram eleitos com expressiva votação.

A ZONA DE CONFORTO é ilusória e terrivelmente perigosa e um atraso de sete décadas não se corrige em alguns meses ou anos.

A democracia dá trabalho e é fundamental e a agenda de reformas econômicas deve ser vigorosa, constante a beneficiar nossos filhos e netos.

O Santo é de barro, mas é Santo…

Graças a Deus!

Maurício de Campos Veiga

Advogado, professor e sócio fundador da CAMPOS VEIGA ADVOCACIA com vasta experiência na área jurídica empresarial trabalhista desde 1973.

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